És contradição, amor

Diz-me se te espero
Ou revela onde te procuro.
Posso em ti apoiar minhas fantasias?
Quão real é a tua imagem
Para que dela eu retire toda a minha inspiração?

É cabível eu te exigir tão hermética objetividade?
Quanto do que te amo és tu mesmo,
quanto é espelho
e quanto abstração?



Em toda espécie de amor há uma dose de idealização.
"Quem ama, idealiza", talvez já dissesse algum sábio grego.
E em toda diversidade amorosa, 
há que se construir uma história conjunta.
Há que se ter um caminho traçado a quatro pegadas
para que mereça a importância da saudade.
Aí sim, teremos o amor.



Mas hoje o mundo me diz que a história acabou,
que a saudade apagou,
que não veio a utopia...
E agora, José?
Haveria ao menos um ínfimo eu que ama,
indiferenciado nessa amálgama de caos
que o mundo pós-moderno se conclama?
Haverá um tu me esperando nos confins desse caos,
pronto a me corresponder?


Sei que há, pois falo contigo. 
Sei que sou, porque sinto.
E sinto profundamente que te procuro.

E, se indiferenciado ainda estou, há mais o que dizer.
Em toda forma de amor há uma alma de contradição.
Como contraponto ao mundo que se apresenta,
outrora harmonizante,
Preciso saber quem sou,
Para que possas ser comigo,
Caminhante.

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